Desde o início de minha carreira como tradutora pública, minha maior clientela foi (e continua sendo) a de emigrantes qualificados nas mais
variadas áreas de conhecimento, desde graduandos a pós-graduados, não raro levando consigo suas famílias, às vezes recém-constituídas, que estão deixando o Brasil há anos em busca de um futuro mais promissor lá fora.
Para ilustrar a diáspora de brasileiros, temos, por exemplo, em 2018, 4.300 vistos de imigração, representando 74% a mais em relação a 2015. Em 2011, a Receita Federal brasileira registrou a saída definitiva de 8.170 pessoas, e em 2017, pelo menos 21.701 saídas definitivas foram registradas. Em 2018, já foram 22.538. Em suma, uma verdadeira fuga de capital humano e, consequentemente, profissional, de pessoas que levam projetos de empreendedorismo e trabalho a serem implantados no exterior, sendo que foi no Brasil que se formaram academicamente. A perda, portanto, é dupla: brasileiros valorosos com grande potencial de trabalho que receberam a maior parte de sua educação em terras brasileiras, não raro em universidades federais, que, em vez de aplicar esse capital intelectual no Brasil, carregam-no para o exterior juntamente com a sua bagagem, inclusive com grande carga emocional.
Assim sendo, o Brasil foi o segundo país que mais gerou empregos nos Estados Unidos, atrás apenas do México. Segundo a Apex-Brasil, empresas brasileiras empregaram 74.200 funcionários nos Estados Unidos. A pesquisa, com dados do governo americano e do Itamaraty, revelou que a comunidade brasileira nos EUA está mais integrada do que a média dos outros imigrantes, é mais qualificada e até ganha melhor do que a média de todos os imigrantes. Sem falar do visto Einstein que premia com documento de residência permanente profissionais estrangeiros altamente qualificados, o que deu grande vazão a intelectuais brasileiros para os EUA.
Essa situação acende um alerta no governo do Brasil pela perda acentuada de cérebros altamente qualificados, que certamente farão falta ao país em médio prazo. Já passou da hora de darmos mais importância a esse lamentável fato, mas, enquanto isso, sou colaboradora nesse processo porque toda a documentação oficial só pode ser traduzida por tradutores públicos juramentados, os únicos capacitados a realizar tal tipo de serviço.